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SÓCIOS DE DEUS
Viver e Crer como Judeu Conservativo
Rabino Howard A. Addison
Supervisão Rabino Adrián Gottfried
CAPÍTULO I

O que significa ser um judeu conservativo? Basta ser um membro de uma sinagoga conservativa? Ou talvez se exija um
certo compromisso quanto ao estilo de vida da pessoa?
Emet veEmuná, a declaração dos princípios do Judaísmo Conservativo, assim expressa: “Através de nosso compromisso
ativo . cumpriremos com nossa obrigação de ser shutafo shel haKadosh Baruch Hu bema’asse bereshit, parceiros de
Deus na criação de um mundo mais perfeito” (pág.46).
Esta declaração é comovente, mas, por sua vez, nos leva a uma importante questão: Como podemos transpor o conceito
da teoria à prática; de que modo pode-se passar da declaração ao cotidiano das mulheres e homens judeus? Quais são as
manifestações deste chamado sagrado em relação às nossas crenças e aos nossos atos?
O objetivo deste texto é pintar um quadro. Não um quadro feito com pigmentos e pinceladas que formam uma
paisagem, mais exatamente nosso quadro será de crenças transformadas em ações: um retrato de uma vida judaica
conservativa que eleve o espírito, ao ser vivida em parceria com Deus.
Há seis princípios estabelecidos em “Um Credo,” que pretendem esclarecer os fundamentos do Judaísmo conservativo,
a partir de um conceito da parceria Divina/humana; quando estes princípios são analisados em conjunto, eles
apresentam nossas crenças em um modo que pode ser compreendido, absorvido, afirmado e ao qual uma pessoa pode
aderir. Os contornos e peculiaridades moldadas por esta adesão são a essência dos próximos capítulos. E, para terminar
nosso retrato, desafiamos você, leitor, a iniciar ou a continuar o trabalho em sua própria vida como judeu conservativo.
Vejamos agora como nós, os judeus conservativos contemporâneos, podemos responder ao chamado de ser shutafo shel
haKadosh Baruch Hu
, parceiros de Deus.

CAPÍTULO II

Os Homens são Parceiros de Deus no Trabalho da Criação Adam Shotafo Shel haKadosh Baruch Hu be Maasse Bereshit Qual é nossa relação com Deus? Somos servos que obedecem seriamente a vontade do Senhor? Somos agentes independentes cujas decisões sobre nossas vidas recaem finalmente sobre nós mesmos? O Judaísmo Conservativo responde estas perguntas eternas e imperativas da seguinte forma: a humanidade veio a existir para servir como parceiros de Deus. Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
Ser parceiro de Deus é uma tarefa séria e sagrada. Indica que Deus nos concedeu um papel crucial na interpretação de Sua vontade e na realização de seu desejo de um mundo mais perfeito. Como em qualquer acordo de parceria, nosso convênio com Deus implica em uma reciprocidade em responsabilidades. Nós temos que prestar contas a nosso Parceiro Principal e temos a obrigação de agir conforme suas políticas para o bem deste empreendimento que chamamos vida. Quer acreditemos que Deus é um ser supremo sobrenatural ou um poder transcendente presente quando buscamos a justiça e a moralidade, a essência do Judaísmo conservativo é a afirmação de nossa parceria com a Divindade. A tarefa: que ajamos como os representantes de Deus aqui na Terra. Israel: Pacto, Povo, Terra Umi ke amecha Israel goi echad baaretz E quem é como Teu povo, Israel, uma nação única sobre a Terra (II S 7,23). O papel único que o povo judeu tem na parceira Divina/humana tem sido santificado pelo brit, pacto. O pacto não é apenas um convênio legal formal, ele personifica, em forma contratual, o amor recíproco que existe entre Deus e o povo judaico. Assim como foi decretado pela primeira vez com nosso pai Abraão, o pacto nos obriga a sermos francos com Deus, e forma um laço inquebrantável entre todos os judeus, onde quer que vivamos, e a Terra de Israel. Como afirmam a Torá e a tradição, as almas de todos os judeus que hão de existir estiveram unidos no Sinai, mas Deus se dirigiu a eles de forma individual, a cada uma delas. Como herdeiros modernos do pacto, os judeus conservativos se mantêm dedicados a Deus, ao nosso solo pátrio em Israel e à coletividade judaica Clal Israel. Ao mesmo tempo em que mantemos a retidão de nossa posição, respeitamos e cooperamos com todos os grupos judaicos dedicados à integridade do Judaísmo, à consolidação da empreitada sionista e à perpetuação do povo judeu. Mitzvot: O acesso à Presença Zé Shaar hashamaim Esta é a porta do céu (Gen 28:17) Os ideais que não são convertidos em ações se mantêm como uma alma sem corpo: elevados, mas fúteis. A Halachá –a coletânea das leis judaicas- apresenta detalhadamente os termos de nossa relação contratual com Deus, e determina nossas intenções de fazer com que os valores do Pacto sejam reais em nossas vidas. As obrigações e proibições específicas que guiam nossa resposta às distintas circunstâncias da vida são chamadas de mitzvot, mandamentos. Se somos parceiros de Deus, o cumprimentos das mitzvot nos ajuda a renovar e fortalecer esta parceria. Estes mandamentos proporcionam os perímetros que delimitam o comportamento judaico, e demonstram que estamos agindo de acordo com a política de cumprir com os mandatos de Deus para trazer à realidade Sua ambição por um mundo mais perfeito. A observância é uma disciplina que nos faz perceber que cada instante é o momento para enaltecer, para agir com justiça, para preocupar-se com o próximo. É verdade que a prática judaica nos arraiga à comunidade judaica histórica e atual. Essa comunidade foi convocada a ser o agente de Deus no mundo. Através da palavra e da ação, as mitzvot nos colocam em contato direto com a Presença (“Bendito sejas, Deus.”,) permitindo que vejamos o mundo pela perspectiva de Deus e nos ordenando a agir baseados nesta perspectiva. Afirmamos que a Criação de Deus é Essencialmente Boa Vaiar Elohim et kol asher assá vehine tov meod. E viuDeus tudoo que fez, e viu que era muito bom. (Gen. 1:31.) O movimento conservativo nunca procurou o isolamento dentro de um novo gueto. Apreciamos a profunda beleza da Criação de Deus e a habilidade intelectual que Deus nos proporcionou para compreender, através da pesquisa científica, como funciona a Criação. Reconhecemos que, embora muito do que nos rodeia tenha sido e ainda é impróprio, o Judaísmo se beneficiou das contribuições das outras culturas nas áreas de literatura, filosofia, arte, música, governo e lei. Nosso estudo da história judaica tem demonstrado que a Torá é um filtro, mas não uma barreira, diante do mundo exterior e suas influências. Para sermos parceiros de Deus na afirmação e no aperfeiçoamento da Criação, devemos viver sujeitos a certas obrigações. Nossa primeira obrigação é cuidar dessa Criação, é utilizar nossa capacidade e nosso conhecimento para ajudar a proteger nosso meio-ambiente. A segunda é a compreensão de que nossas ações e nossas intenções são o que dá valor moral a tudo com o que nos deparamos, quer seja dinheiro ou as últimas técnicas da engenharia biomédica. Em terceiro lugar, devemos nos manter acessíveis para os outros e para o mundo que nos rodeia e aproveitar melhor o que a tecnologia e a humanidade nos ofereçam para o avanço do Judaísmo. Por último, devemos carregar conosco os mandamentos da Torá em todos os aspectos de nossa vida, e que nosso comportamento não seja diferente, seja na sinagoga ou nos negócios, em nosso lar ou na rua. Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
Crescemos em nossa compreensão do Judaísmo e de Deus.
Dor VaDor Am doreshcha DRosh
Em cada geração, o povo que Te busca continuamente busca e compreensão
(Anim Zmirot)
A idéia de desenvolvimento histórico é básica para nossa concepção do Judaísmo. Assim como surgiram, através dos
séculos, novas circunstâncias sociais e desafios éticos, a nossa compreensão de Deus e de nosso papel, enquanto Seus
parceiros, também evoluiu e se desenvolveu. Do mesmo modo, a halachá- a coletânea de leis judaicas – se desenvolveu
ao tentar aplicar os valores eternos do pacto a situações que mudaram. Seja no campo da ética biomédica (por exemplo:
“Uma gestação pode ser interrompida?” “Podemos afastar a equipe médica que mantém viva uma pessoa terminal?”),
ou no campo do ritual, ou da sociedade (o papel da mulher na sinagoga e na sociedade), o Judaísmo conservativo
examina as fontes tradicionais com perspicácia crítica erudita para propiciar respostas autenticamente judaicas que
sejam relevantes à nossa época. Desta maneira, agimos como parceiros de Deus na interpretação e utilização de Sua
vontade, enquanto agregamos nossos próprios elos à cadeia da tradição judaica, que está em crescimento contínuo.
Um judeu conservativo é um judeu que luta
Ki sarita im Elohim veim anashim vatuchal
Porque lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste
(Gen 32,29)
Um dos diferenciais do Judaísmo conservativo é que nunca assumimos uma posição de “ou tudo ou nada.” Como
compreendemos que ninguém pode cumprir todas as mitzvot, nunca condenamos aqueles cuja observância é incompleta.
Enfatizamos que nosso enfoque quanto à pratica e ao estudo de Judaísmo é dinâmico, e não estático. Encorajamos os
judeus a adotarem a máxima de “ainda não” para as mitzvot que ainda não seguem, para os textos que ainda carecem
aprender. Louvamos cada judeu pelo que já faz e buscamos inspirá-los a fazer tudo o que possam. e que em breve,
continuamente, tentem fazer um pouco mais.
Quando Abraão foi chamado ao pacto para ser parceiro de Deus, lhe foi ordenado que caminhasse continuamente em
direção a Deus. O Judaísmo conservativo, como herdeiro do legado de Abraão, apresenta o Judaísmo como uma busca
contínua e progressiva.
CAPÍTULO III
I. “Sentado em sua casa, ao avançar pelo caminho.” Comentário: “Quem disser as palavras da Torá são uma coisa e as palavras do mundo são outra, deve ser visto como um homem que nega a Deus.”1 Esta declaração, atribuída a Pinchas de Koretz, um mestre chassídico do século XVIII, reflete com precisão o enfoque do Judaísmo conservativo para com a vida. Para nós, o Judaísmo não é apenas uma atividade ritual que se limita aos finais de semana dentro da sinagoga; tampouco consideramos que as obrigações que emanam das mitzvot devem ser realizadas apenas para o benefício dos “nossos.” Ao contrário, como parceiros de Deus, buscamos levar a Torá conosco em todos os aspectos de nossa vida. Desde a época de Abraaão e Sara, o lar judaico tem sido o fundamento de nossa existência. No entanto, as exigências e tensões da sociedade contemporânea alteraram a configuração e o padrão da vida familiar judaica. Hoje, um lar judaico deveria distinguir-se por encontrar mezuzot em suas portas, livro judaicos em sua biblioteca, artigos rituais e objetos de arte em seu interior, deveria distinguir-se pela kashrut e pelas cerimônias que rodeiam as refeições, sem importar se seus integrantes sejam casados ou solteiros, tenham filhos ou não. Especialmente, um lar judaico deveria distinguir-se pelo modo em que a visão ética de nossa tradição guia suas relações: uma visão que expõe as responsabilidades pessoais e mútuas que um casal em que ambos trabalham deve ter para com cada um e para com a educação de seus filhos; uma visão que ensina que para honrar os pais não bastam os sentimentos, mas também são necessárias as ações. Assim como no lar, o trabalho e o ambiente social podem ser lugares em que haja um esforço espiritual. “Negócios são negócios” pode ser um refrão popular, mas não é judaico.Um interesse fingido, que desperdiça o tempo de um vendedor, constitui uma fraude através das palavras. Insultar o próximo em público é considerado, no Judaísmo, o mesmo que derramar sangue. Uma pessoa não deve insistir em ter vantagem total, embora seja seu direito segundo as regras, seja na mesa de negociações ou na quadra de tênis. A Torá diz: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor.”2 Através de atos de aplicação ou de omissão, através da consideração e do desprendimento, servimos como agentes de Deus e fortalecemos Sua presença aqui na Terra. 1 Consultar Martin Buber, Histórias do Rabi (Brasil: Editora Perspectiva S.A) 2 Levítico 19:18. Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
Amanhece, toca o despertador e inicia um novo dia. Vestimo-nos com pressa, tomamos um café, olhamos o jornal e corremos para a porta. As responsabilidades do cuidado dos filhos e do trabalho, das voltas com o carro e o trânsito, estruturam despoticamente nosso tempo e regem nossas vidas. Devido às exigências dos filhos e do trabalho, é fácil perder de vista qualquer propósito transcendente em nossas vidas. Se desejamos romper com a escravidão de nossos horários mundanos e sermos representantes do divino, então devemos mudar nossa rotina para injetar um pouco do celestial em nossas atividades terrenas. O colocar do tallit nas manhãs nos recorda que estamos envolvidos pela presença de Deus e obrigados a realizar a vontade de Deus, sem importar para onde nos voltemos. Enlaçar nossa mão, cabeça e coração com os tefilim, colocar suas faixas ao redor de nosso dedo como um anel de casamento, torna concreta a realidade de que a parceria divina/humana é uma parceria de amor. Rezar nos torna conscientes, cotidianamente, do fato milagroso de que as coisas existam, e infunde em nosso interior a obrigação de “Aperfeiçoar o mundo como o domínio de Deus.” Vivemos em uma sociedade massiva e anônima que pode causar solidão, uma sociedade materialista que pode acalentar a ensimesmação. Quando rezamos na sinagoga com o miniam diário – seja ocasional ou regularmente – formamos laços não apenas com aqueles que se encontram presentes, mas com todos os judeus do mundo que estão rezando naquela hora estabelecida. Ao recitar a liturgia do sidur e agregar nossa própria súplica fervorosa, as palavras dos antigos mestres da prece judaica se convertem em nossas palavras, e questionamos se nossos desejos são dignos. Se, a cada semana, criamos um tempo para o estudo do Judaísmo, seja em uma aula ou lendo por conta própria, podemos obter a sabedoria que tem sido transmitida através das gerações e aprender que há horizontes que transcendem os ganhos econômicos. Nossa sociedade se consome com a questão do alimento. “Weight Watchers,” “rico em fibra” e “baixo colesterol”
se converteram em parte do vocabulário moderno. Em uma época em que estamos tão preocupados em comer bem
para manter uma boa saúde, talvez devêssemos também examinar nossos hábitos alimentares em relação ao nosso
bem-estar espiritual.
Comer é um ato mundano, mas não é absolutamente um ato insignificante. Cada mordida que damos é
acompanhada intrinsecamente por alusões de criação e de ajuda. Observar a kashrut é manifestar continuamente,
através de nossos atos, que o Judaísmo e a Torá são o que alimenta nossas vidas.
Quando separamos o leite da carne, manifestamos o fator impróprio de unir aquilo que amamenta uma nova vida
com o produto de uma vida tomada. Quando limitamos nosso consumo de carne àquelas que tenham sido
designadas, sacrificadas e preparadas segundo a kashrut, demonstramos nosso respeito para com essas vidas, ao
não prolongar seu sofrimento e ao não consumir o líquido de sua força vital. Quando mantemos lares kosher,
ampliamos sua judeidade e convidamos Deus e os outros judeus observantes a serem bem-vindos como nossos
hóspedes. Quando buscamos restaurantes que sejam kosher, quando perguntamos em outros lugares como foi
preparado nosso peixe, verduras ou frutas, quando pedimos uma taça de vinho kosher, afirmamos nossa identidade
judaica ante os outros e ante nós mesmos.
A kashrut não se vincula apenas ao que comemos, mas também à forma em que comemos nossos alimentos.
Pronunciar as brachot, bênçãos antes e depois de comer nos conscientiza do ilusório que é crer na auto-suficiência
humana; ao invés disso, reconhecemos com gratidão que Deus é que nos proporciona os recursos e que nós, como
parceiros de Deus, devemos desenvolvê-los de modo responsável para satisfazer nossas necessidades. Ao
compartilhar com os que nos acompanham na mesa uma conversação edificante e palavras da Torá, elevamos
nosso alimento a um nível superior ao do meramente satisfazer nossas necessidades humanas. Tudo isso nos
permite encontrar o sagrado no trivial.
Aquele que busca motivos ou racionalizar, irá afirmar comumente que a refrigeração tornou obsoletas as proibições
contra as carnes de porco e os frutos do mar. Todo alimento deve ser preparado de maneira higiênica, mas o que os
judeus buscam ao preservar a kashrut é a santidade.
CAPÍTULO IV
Talvez a época mais emocionante na vida de uma pessoa seja a do noivado: a expectativa de ver o casal no momento marcado; os preparativos que acentuam a espera enquanto a pessoa tenta assegurar para que a data seja um êxito completo; trazer novamente à memória as gratas lembranças que afetam nossa perspectiva e aumentam o desejo de estar novamente com a outra pessoa. Para realçar o ato de que o pacto de Israel com Deus é uma parceria de amor, a Torá chama de moadim nossas festas religiosas, que significa literalmente tempo de um encontro sagrado. No pôr do sol na véspera de uma data, Deus chega para voltar a viver conosco o aniversário de um momento importante na formação do mundo ou do povo judeu. Nossos preparativos e condutas pessoais em relação a estas ocasiões acentuam nossas expectativas e moldam o resultado de nosso “compromisso” divino/humano. Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
Uma das grandes falácias da cultura ocidental é confundir a produtividade com a criatividade. Uma atividade que não implique produção ou comércio é considerada como ociosa e sem sentido. Mas a grande lição do Shabat é que a criatividade de Deus durante os seis dias em que criou o mundo implicou em um sétimo dia de descanso. Como parceiros de Deus, a cada semana somos chamados a imitar Seu descanso para retribuir a alma e a perspectiva de nossa existência. O descanso do Shabat proíbe qualquer mudança na ordem natural da Criação de Deus e nos recorda, assim, que não somos os senhores, mas sim os cuidadores do mundo. Ao acendermos nossas velas, na sexta-feira à noite, e abster-nos de acender outros fogos depois, ao evitarmos escrever, realizar transações monetárias, carregar coisas, nós marcamos uma trégua com a nossa intenção de conquistar a natureza e damos uma pausa à luta econômica com o nosso próximo. As autoridades conservativas opinam de modo diferente sobre o problema do uso da eletricidade ou ao fato de se ir de carro para a sinagoga no Shabat. No entanto, todos concordam que as distrações externas devem ser reduzidas ao mínimo, para que nosso descanso sabático leve à comunhão com o nosso próximo e com Deus. Nossa veneração na noite de sexta-feira, nossas preces e a leitura da Torá na manhã e na tarde do Shabat, nos familiarizam com os ideais de Deus para um mundo de tranqüilidade e paz. O fato de comparecer junto como nossos amados aos serviços em que se dá nomes a bebês, em que os adolescentes se convertem em bnei-mitzvá, e onde se bendiz aos casais que se comprometem, ajuda a consolidar laços de afinidade entre as distintas gerações. Ao recepcionar convidados para a refeição em uma mesa de Shabat, adornada com flores e suas melhores louças, com uma taça de Kidush e duas chalot, fortalece a reciprocidade e o companheirismo na observância. Ao concluir o Shabat com vinho, especiarias e a vela de havdalá, transferimos o sabor, aroma e doce esplendor do dia do Shabat para a semana mundana. II. As Festas Maiores Conta-se uma história sobre um casal que entrava em seu carro uma noite depois de ir ao cinema. - Meu amor, por que você já não me ama como antes? - Anos atrás, nós nos abraçávamos e até beijávamos antes que você começasse a dirigir. Agora, só abrimos a porta e damos a partida. Tristemente, a pessoa que dirigia agarrou o volante. -Não me mexi ainda. Por que você não se aproxima? A cada ano, ao se aproximarem as Grandes Festas, Deus nos convida a que “nos aproximemos” Se nos sentimos distanciados, ou inclusive abandonados, os Iamim Noraim – dias de temor reverente- nos chamam a examinar o quanto nos afastamos. Teshuvá- o arrependimento- é o meio pelo qual votamos aos braços de Deus. Com a chegada de Elul, o mês que precede a Rosh Hashaná, sopramos o shofar ao finalizar os serviços matutinos de cada dia, para estimular nossos corações. As selichot – preces de penitência – são recitadas diariamente, começando à meia-noite do sábado anterior ao Ano Novo, para que elevemos nossos sentimentos de intranqüilidade e culpa ao nível da enunciação. Quando o sol de põe no último dia do mês, ao acender as velas da festa religiosa e agradecer a Deus por nos manter com vida, a ano velho dá lugar ao novo. A disposição de espírito durante Rosh Hashaná é de introspecção mesclada com expectativa. Durante esses dois dias, nossos serviços enfatizam as questões da eternidade e da autoridade de Deus, de nossa mortalidade como criaturas frágeis, para que não nos esqueçamos quem é o Sócio Fundador e Principal da parceria. As seleções lidas da Torá, o serviço do Shofar e as preces de Mussaf que seguem se concentram em Deus, lembrando Suas promessas de amor e as provas, lições e redenção que podem vir dos atos motivados pela fé. As chalot redondas com passas e as maçãs com mel, colocadas em nossa mesa desta festa, simbolizam o desejo de que nós e os seres queridos que nos acompanham, junto como nosso povo e nosso mundo, sejam inscritos para um ano doce. Os Asseret Iamei Teshuvá – os Dez Dias de Arrependimento, que duram de Rosh Hashaná até Iom Kipur, são um tempo para pensar e agir. Tashlich – jogar migalhas em um fluxo de água em Rosh Hashaná – representa, de maneira física, nosso desejo de nos liberarmos do peso do pecado. Ao mesmo tempo em que se intensificam as preces diárias de Selichot, deve-se intensificar nossa determinação de dar um novo formato às nossas vidas e de buscar o perdão através da compensação para aqueles a quem possamos ter ferido. Só então o ritual de Iom Kipur poderá nos dar a expiação que buscamos. Iom Kipur é um jejum que dura do entardecer ao entardecer, em que as vaidades das jóias de ouro, sapatos de couro e do cuidado pessoal são postos de lado. Iom Kipur é um momento em que os que dirigem as rezas, e inclusive alguns membros da congregação, vestem batas brancas que se assemelham a mortalhas, que nos fazem pensar em nossa mortalidade e apreciar a premente preciosidade da vida. A tripla repetição, ao entardecer, do Kol Nidre nos chama a examinar nossos compromissos mal-sucedidos durante o ano que passou. Nossas confissões, completadas com os toques no peito, nos apresentam uma lista diante da qual podemos avaliar nossos atos. Os serviços dos Mártires, (Kohen HaGadol) e o Iskor, em memória de nossos queridos entes partidos, infundem às nossas preces exemplos de santidade que podem ser encontrados nas tragédias e exaltações da vida. Durante o serviço de Neilá, falamos de nossa crença que Deus nos abrirá com amor novas oportunidades, ao fechar as portas Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
atrás de nós. O sol se põe, soa o shofar e proclamamos nossa expectativa de que a redenção virá no ano próximo com as palavras: “Le Shaná Habá be Ierushalaim.” “O ano que vem em Jerusalém.” “Três vezes por ano vocês todos os seus varões se apresentarão diante do Senhor, teu Deus, no lugar em que Ele escolher: na festa dos ázimos, e na festa das semanas, e na festa das cabanas: e não se apresentarão diante do Senhor com as mãos vazias.”3 Este mandato, que é detalhado nos livros de Êxodo e Deuteronômio, obrigava nossos antepassados israelitas a observar os Três Festivais de Peregrinação. Três vezes por ano vinham ao Templo, em Jerusalém, trazendo jubilosamente cordeiros pascais, primícias, o produto de suas colheitas. Nestes momentos culminantes do ano agrícola, quando a generosidade de Deus se manifestava na natureza em seu máximo, traziam seus sacrifícios para comemorar os momentos em que o poder de Deus se manifestou em sua plenitude na história sagrada de nosso povo. Passaram-se os séculos. O Templo está destruído, o sacrifício não é nossa maneira de adorar a Deus; somos predominantemente um povo urbano. No entanto, isto não significa que não temos nada a oferecer na presença de Deus. O passar do tempo, as circunstâncias e as reflexões sobre a lei judaica nos proporcionam as mitzvot, por meio das quais podemos concretizar nosso júbilo e devoção durante as estações festivas. Os festivais de peregrinação (Shalosh Regalim) dramatizam de modo impressionante o pacto de Israel com Deus e reafirmam nosso próprio papel dentro desta sociedade. Durante nossos sedarim de Pessach, adotamos a posição de nossos antepassados, que foram libertados, através de narrativas e canções do Êxodo, ao comermos maror (ervas amargas) e matzá, símbolos de nossa opressão e da redenção divina. A partir da segunda noite de Pessach, contamos os cinqüenta dias do Omer, e antecipamos a primeira manhã de Shavuot, em que nos colocaremos de pé para ouvir a leitura dos Dez Mandamentos, assim como fizeram nossos antepassados com amor e reverência no Sinai, no deserto. Agitamos o lulav e o etrog em direção aos seis pontos cardeais para indicar que a presença dominante e cuidadora de Deus nos rodeia, aonde quer que vamos. A Torá nos ordena que devemos estar completamente felizes, “al sameach”, quando cumprimos com os Shalosh Sedarim. Este mandato significa que devemos nos agasalhar com quatro taças de vinho em nossos sedarim e decorar nossos santuários com flores preciosas e plantas em Shavuot. Significa que, durante Sucot, devemos desfilar pela sinagoga com o lulav e o etrog, e dançar com os Rolos da Torá quando se conclui o ciclo da leitura da Torá, na festa de Simchat Torá. Todavia, como parceiros de Deus, cada vez que celebramos devemos agir segundo as ordens morais inerentes à mitzvá de “al sameach”. Da mesma forma em que buscamos na última noite antes de Pessach as últimas migalhas de chametz – alimentos com fermento – pelos cantos da nossa casa, devemos buscar dentro de nossos corações para libertá-los do ressentimento e do egoísmo. O chametz, proibido para consumo durante Pessach para os judeus, pode servir para o bem de outros, se doado para instituições não judaicas. Os donativos de maot chitim (o Fundo da Matzá) e ato de convidar à nossa mesa os que estão afastados de seus entes queridos servem para realizar a intenção de que, na noite do seder original, nenhum judeu passe sem companhia. Shavuot, festa carregada de motivos baseados nas núpcias de Israel com Deus através da Torá, nos lembra que nossas responsabilidades para com o próximo são inseparáveis de nossas responsabilidades para com Deus. Deixar nosso lar permanente durante Sucot deve nos sensibilizar para a situação daqueles que não têm lar durante todo o ano. A preparação dos Shalosh Regalim implica em que revisemos nossa agenda para que nos abstenhamos de trabalhar e possamos estar na sinagoga e em nosso lar durante o último e o primeiro dia da festividade. A preparação dos Shalosh Regalim também implica que devemos revisar nossa parceria e nossas almas. Como bem dramatizado está no ritual do seder, se Eliahu há de vir e anunciar a redenção final, somos nós quem devemos abrir-lhe a porta. O calendário judaico é repleto de datas que marcam eventos culminantes na história de nosso povo. Algumas das ocasiões de exaltação são: A. Chanucá, a festa de oito dias que recorda a liberação macabéia e a re-dedicação do Templo. Em memória da menorá cuja chama acesa marcou a consagração do santuário, colocamos nossas menorot frente à janela e acendemos uma vela a cada noite. B. Tu biShvat, quando comemos frutos da Terra de Israel, como reconhecimento da primeira floração das Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
C. Purim, uma época de máscaras, reco-recos e júbilo, em que há festas e se envia refeições assadas para os amigos e presentes para os pais, em que lemos a Meguilat Esther e escutamos como a conspiração de Haman para destruir os judeus persas foi impedida por Mordechai e Esther. Taanit Esther, um jejum que dura do amanhecer ao entardecer, precede Purim para que sintamos a ansiedade de aguardar a salvação ao dia seguinte. D. Lag BaOmer, o trigésimo terceiro dia entre o segundo dia de Pessach e Shavuot. Caracteriza-se por seus dias de campo e volta a contar quando cessou a praga durante o cerco romano a Jerusalém. Com um tom mais triste, comemoramos a destruição do Templo Sagrado de Jerusalém, em Tisha beAv, com um jejum que dura do entardecer ao entardecer, durante o qual lemos a Meguilat Eichá – o livro das Lamentações – e recitamos cantos fúnebres (kinot) pelas comunidades judaicas perdidas. Vários jejuns que duram do amanhecer ao entardecer nos recordam o horror vivido por nosso povo quando iniciou o cerco a Jerusalém, (Assarat be Tevet), a ocasião em que as muralhas da Cidade Santa foram violadas pela primeira vez (Shivá Assar be Tamuz), e quando os últimos vestígios do mandato judaico foram extintos, após a destruição do Templo (Tzom Guedalia). Um aspecto fascinante destas datas é que a essência dos eventos que comemoram e o estabelecimento de suas expressões rituais aconteceram séculos depois que a Torá foi concluída. Sua presença no calendário judaico valida nossa crença de que, como parceiros de Deus, continuamos a ter a habilidade de compreender a presença de Deus e o que quer de nós na História. Os sábios do Talmud, baseando-se na autoridade de interpretação judicial que a Torá lhes outorga, nos exortaram a bendizer Deus, “que nos santificaste com suas mizvot e nos ordenaste.”, que leiamos a meguilá e acendamos a menorá, embora nenhum destes fatos tenha sido prescrito na Torá. Os judeus do século XX viveram a tragédia de uma perda esmagadora e a alegria do reconhecimento de nossa existência como nação. Nos anos recentes surgiram novas cerimônias para marcar o Holocausto e o estabelecimento do novo Estado de Israel. Iom Hashoá ve Haguevurá comemora os seis milhões que foram assassinados pela calamidade nazista, ao mesmo tempo em que recorda aqueles que lutaram no gueto e como partisans. Kristallnacht – A Noite dos Cristais- indica o início do Holocausto na Alemanha. (a) Iom Haatzmaut: a comemoração da Independência de Israel. (b) Iom Hazicaron: o dia anterior, em que recordamos os caídos em defesa a Israel. (c) Iom Ierushalaim: a comemoração da reunificação de Jerusalém.

A observância ritual destas datas ainda se desenvolve. A comemoração de Iom Hashoá varia nas diferentes
comunidades, embora todas compartilhem vários elementos, como o acendimento de velas e o recitar de uma prece
especial, o Kadish. O Movimento Conservativo introduziu uma seleção de leituras da Torá e dos profetas para a manhã
de Iom Haatzmaut, além do canto de Halel, os Salmos de Redenção, e uma versão especial da oração que caracteriza a
salvação: Al Hanissim.
O significado filosófico destas ocasiões especiais se mantém em contínuo movimento. As justificações teológicas do
Holocausto, que acusam Deus de não agir ou de agir demasiadamente lento através do homem, não proporcionam
resposta definitiva e aqueles que acusam as vítimas blasfemam. O papel exato de Israel dentro do plano divino da
redenção final ainda não é uma questão sujeita a debate. Entretanto, o milagre encontrado na determinação de nosso
povo ao não perder a esperança após a Segunda Guerra Mundial, ao conseguir reconstruir nossa vida nacional na terra
do antigo Israel, é prova de que continuamos a ver na história indícios de Deus, “que realizou milagres para nossos
antepassados, naqueles dias, assim como nesta época.”
CAPÍTULO V
Não há vida sem ritual. Como seres humanos, não podemos viver sem alguma rotina que ajude a estruturar nossa existência, sem sinais que caracterizem e dêem ordem à passagem do tempo, sem rituais que simbolizem quem e o que somos e o que devemos fazer a respeito. Não podemos escolher se aceitamos ou refutamos o ritual; o que podemos decidir é quais são os rituais que finalmente iremos aceitar. Todas as sociedades desenvolveram modos de assinalar as transições que marcam a vida humana. Estas transições podem abranger desde o ato de distribuir charutos quando nasce um bebê, obter o direito de beber, dirigir e votar com a idade adulta, até ser bombardeado como arroz ao final de uma cerimônia de casamento. A afirmação de que somos parceiros de Deus, criados à semelhança da imagem divina, é uma parte incontestável do Judaísmo. Sendo assim, as cerimônias que acompanham e informam sobre nossa transição de uma etapa à seguinte nos Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
obrigam a refletir o sagrado que existe em nossas vidas. Através da prece, do ritual e da observância na mesa (seudot mitzvá), demonstramos que nossa vida pessoal neste momento e lugar ajuda a renovar a família de todo Israel, na presença eterna de Deus. O nascimento de um bebê é um evento de grande importância. Ao redor do bebê criam-se novas entidades sociais, já que filhos se convertem em pais, pais se convertem em avós e irmãos se convertem em tios. Há uma ambivalência de sentimentos no momento em que os sonhos inalcançáveis de perfeição que havia durante a gravidez são confrontados com a realidade que nasce. As cerimônias relacionadas com o nascimento nos dirigem para a compreensão de que a mãe e o pai são verdadeiramente parceiros de Deus na criação de uma vida; que o nascimento representa uma renovação da comunidade que une Israel com Deus. Após o nascimento de uma criança, os pais bendizem Deus “que é bom e benévolo” (Hatov ve Hametiv), que é a prece para a felicidade compartilhada. Se nasce uma menina, sua chegada é comemorada com a cerimônia em que lhe é dado seu nome. Não há limite de tempo especificado para esta cerimônia. Tradicionalmente, o ritual se realiza na sinagoga, durante um serviço em que se lê a Torá. Brit Kidush Hachaim, Simchat Bat ou Brita são nomes diferentes para a cerimônia da chegada de uma filha. Há rituais especiais que podem se estruturar e celebrar em casa, para que se incorporem as aspirações pessoais dos pais. Entre as distintas comunidades, existem costumes diferentes quanto a nomear os filhos em homenagem aos familiares vivos ou que tenham falecido; entretanto, o ato de dar um nome hebraico ao invés de um equivalente em português servirá de ajuda contínua para a identidade da criança com nosso povo. Os valores inerentes ao nome e às vidas das pessoas que o carregaram antes podem servir como metas que a criança deve tentar alcançar. A chegada de um varão é comemorada com a Brit Milá. Este ritual, que foi ordenado por Deus a Abraão pela primeira vez, renova o pacto entre Israel e Deus. O brit nos faz lembrar da origem de nosso povo, ao ver como os novos pais compartilham a paternidade com o primeiro casal judeu, Abraão e Sara; evocar a presença de Eliahu – o porta-voz messiânico – nos leva a pensar nos desejos de Deus para o futuro do mundo e nos faz reconhecer o potencial de redenção que há nesta nova criatura. O brit se realiza no oitavo dia após o nascimento – a menos que haja problemas médicos – incluindo Shabat e Iom Kipur, por um mohel certificado médica e religiosamente. Com esta cerimônia, ao invés de realizar uma simples intervenção cirúrgica, perpetuamos o pacto, reunimos nossos entes queridos para ver como mais outro menino recebe seu nome e reafirmamos nossa parceria especial com Deus. O Talmud afirma que se considera a pessoa que cria uma criança como se ele ou ela o tivessem concebido.4 As cerimônias que apresentamos, incluindo todas as suas ramificações religiosas, são também obrigatórias para as crianças adotadas. O nome hebraico dado ao menino ou à menina indicará que este é considerado o filho (ben) ou filha (bat) dos pais adotivos. No caso em que a mãe biológica não seja judia, é necessário que se realize uma conversão formal. De acordo com a tradição, os primogênitos deviam servir como os sacerdotes de Israel, mas perderam este privilégio por participar do pecado do Bezerro de Ouro, depois do Êxodo. Se o primeiro filho da mulher for um varão, e se nenhum dos pais é descendente de Cohen ou Levi, este filho é recuperado no trigésimo primeiro dia depois de seu nascimento, em uma cerimônia em que se oferece cinco moeda de prata a um Cohen. Com este ritual de Pidion Haben, a pessoa de descendência sacerdotal libera o menino para que sirva a Deus, não no serviço potencial como sacerdote, mas na obediência das mitzvot de Deus em todos os aspectos de sua vida. Meses de preparação levam a um final de semana de atualização. Aulas, contratos para banquetes kosher e lista de convidados têm como resultado final um santuário repleto de familiares e amigos. Outra criança judia chega à adolescência: outro menino ou menina sobre à bima como Bar ou Bat Mitzvá. Embora muitos creiam que sim, nenhuma destas transições à idade adulta foi ordenada no Sinai. A Torá sustenta que a maioridade se alcança aos vinte anos. O Talmud afirma que uma menina inicia sua mudança para ser mulher em duas etapas sucessivas, aos doze anos e doze anos e meio. Um menino é bar onshin – responsável moralmente por seus atos – aos treze anos, mas o término do bar mitzvá é utilizado geralmente para qualquer pessoa que tenha a obrigação de cumprir com as mitzvot. O fato de que a cerimônia de Bar Mitzvá, tal como a conhecemos hoje em dia, não tenha sido incluída nos livros da lei judaica até o século XII demonstra que a lei – halachá – e sua prática continuam desenvolvendo-se através da história. O cumprimento quase universal do Bar Mitzvá e do Bat Mitzvá (que se iniciou na terceira década do século XX) demonstra que Klal Israel – o povo judaico – é parceiro na contínua interpretação da vontade de Deus. As práticas inovadoras podem ser formalizadas como parte de nossa tradição ritual progredindo, ao obter a aprovação rabínica e a aceitação da comunidade. Devido a todo planejamento e antecipação que precedem a cerimônia e a festa, é comum que muitos vejam o Bar ou Bat Mitzvá como uma culminação, ao invés de uma transição. É importante que a reflexão sobre a redefinição do papel dentro da família e os aspectos relacionados com a sexualidade que surgem junto com a adolescência Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
não se percam com toda a agitação. Tais reflexões devem ser formatadas considerando a sabedoria de nossa tradição e isto deve ser conseguido através do estudo contínuo, tanto por parte do filho quanto dos pais. Um pré-requisito para tornar-se Bar ou Bat Mitzvá é fazer cursos à tarde na escola da sinagoga; o contínuo estudo formal do Judaísmo dentro deste marco e a educação informal das atividades juvenis são pré-requisitos para se converte em adultos que seja verdadeiros judeus. O modo em que estas questões de aprendizagem e observância serão integradas com a experiência da escola preparatória e a universidade é algo que devemos prestar atenção. Os presentes e a refeição têm um papel importante na festividade do Bar ou Bat Mitzvá. Para que nossos filhos não se transformem em mal-criados vestidos com roupa elegante, com a idéia de que a vida é uma festa, devemos orientá-los para que se convertam em parceiros de Deus, dando alguns de seus presentes para os pobres, e oferecendo comida para os famintos. O fato de que uma criança suba à bima nos brinda com a esperança da sobrevivência de nosso povo e da certeza de outra geração de judeus. A qualidade desta sobrevivência, a dedicação e a compaixão desta geração, podem ser moldadas pela forma em que observamos o jovem converter-se em Bar ou Bat-Mitzvá. Quando um marido e sua esposa se esforçam para serem dignos um do outro, a presença divina mora com eles. Ish ve ishá zachu, Shechiná beinehem.5 Esta máxima rabínica, formulada há séculos, nos apresenta um pensamento que é relevante hoje em dia. Como parceiros de Deus, temos a obrigação de levar as obrigações da Torá a todos os aspectos de nossa vida. E isto inclui a sala e o quarto. A sensibilidade que homens e mulheres demonstram em suas relações mais íntimas ajuda a reforçar a presença de Deus na Terra. O mesmo versículo da Bíblia que fala de como os humanos foram criados à semelhança da imagem divina, fala também de nossas diferenças sexuais.6 A implicação a que se chega ao relacionar estes dois aspectos é clara: quer seja antes ou durante o matrimônio, o homem e a mulher devem reconhecer que o outro foi criado à semelhança da imagem de Deus. Nossas relações pessoais devem buscar identificar esta imagem nos dois membros do casal, para que não aconteça que um explore o outro como um objeto de satisfação física, de status ou de benefício econômico. Durante os meses anteriores ao casamento, o casal e suas famílias se preocupam com os detalhes da cerimônia e do banquete. Esta concentração na dinâmica do casamento não deve impedir que os noivos analisem a dinâmica de seu matrimônio. Devem ser abordadas as perguntas relacionadas com a natureza judaica de seu lar, o cuidado do Shabat, Iom Tov e a kashrut (começando com o banquete de casamento). A visão de nossa tradição pode ajudar o casal em sua busca de um crescimento conjunto combinado com um respeito à singularidade de cada um; em sua análise sobre as responsabilidades individuais e conjuntas em relação aos filhos que possivelmente terão no futuro, ou em relação aos filhos que um deles possa ter de um casamento anterior. Se um dos integrantes do casal não nasceu judeu, deve-se dedicar muito tempo e reflexão com a questão da conversão. Não importa quem oficie a cerimônia, um casamento judeu autêntico só pode ser formalizado entre duas pessoas que são judias no momento da cerimônia. As dúvidas sobre as crenças e a orientação familiar que não tenham sido esclarecidas durante o namoro, reaparecem intensificadas com o surgimento da gravidez, o nascimento, a aproximação da idade de instrução religiosa dos filhos. O estudo e a observância, sob a orientação de um rabino, podem não apenas levar ao ritual formal de conversão, mas também podem fortalecer o compromisso do casal para com o judaísmo e para com o outro. A cerimônia matrimonial judaica e os acontecimentos que a rodeiam colocam os noivos no contexto do pacto que une a família do povo judeu, que continua crescendo com Deus. Deve-se prestar muita atenção para evitar que a data e hora do casamento não coincidam com Shabat, Iom Tov, ou com algum período de luto público, como certos dias entre Pessach e Shavuot (o Omer) e entre Shivá Assar be Tamuz e Tishá be Av. O offrif, quando o casal recebe uma benção diante da Torá durante o serviço religioso, anuncia a toda a congregação a chegada de casamento. As pessoas presentes cobrem os noivos com balas, com o desejo de que compartilhem uma vida doce. Para que o novo lar que formarão seja puro, é costume que os noivos jejuem no dia de seu matrimônio, que a noiva e inclusive o noivo se vistam de branco e façam sua imersão ritual na mikvá, uma prática que algumas esposas adotam a cada mês. Ao se colocar o véu sobre o rosto da noiva, durante a cerimônia de bedeken, pedimos a Deus que multiplique seus sucessos e que a coloque entre as matriarcas de Israel. A chupá, dossel, sob a qual os noivos ficarão, traz à memória a imagem do primeiro lar judaico compartilhado por Abraão e Sara. A ketubá, o contrato matrimonial, que é lido e assinado por testemunhas, apresenta detalhadamente as ações e responsabilidades que nosso povo considera serem a expressão concreta do amor e do carinho. A liturgia matrimonial, que se recita diante de taças repletas de vinho, e as alianças demonstram que a feliz união do casal reflete o plano de Deus para a humanidade: um plano que data de Adão e Eva, santificado pelas leis de Moisés e Israel; um passo que leva à redenção final de nosso povo, nossa terra e nosso mundo. Quando o noivo quebra a taça, reconhecemos, em nossos Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
momentos mais felizes, que nosso povo sofreu terríveis tragédias, que nosso mundo ainda não foi liberto, mas que o amor pode superar as imperfeições da vida. Do mesmo modo que um casamento é formalizado ritualmente, deverá ser dissolvido de forma religiosa, caso seja necessário. Se houve uma busca por reconciliação e não foi possível, o casal deve consultar seu rabino para que organize o processo com um bet din – corte rabínica- autorizado. As duas partes não precisam estar presentes ao mesmo tempo, mas o marido deve autorizar a emissão do guet (documento de divórcio) e a esposa deve esta disposta a aceitá-lo. A concessão do guet não é o momento para vingar-se de males passados e um bet din conservativo não permite que uma das partes mantenha a outra como refém para obter algum ganho ou por má vontade. Especialmente quando há filhos envolvidos, a dissolução do casamento por meio de um guet deve chamar os dois cônjuges para que controlem suficientemente sua inimizade a fim de cumprir com as responsabilidades que continuarão compartilhando. A palavra em hebraico para casamento é kidushim, que significa literalmente “santificação”. A forma em que os cônjuges se dedicam um ao outro afeta a santidade de suas vidas e o mundo em geral. Vivemos em uma sociedade que nega a morte. Os meios de comunicação nos assediam com anúncios que exaltam as virtudes da juventude e que enfatizam a importância de ter uma aparência jovem. Uma pessoa que se depara com uma enfermidade ou com a velhice pode ir do hospital a uma casa de convalescença e, em seguida de uma casa de idosos, ao cemitério, sem ter tido quase contato algum com a comunidade ou seu lar. Estes fatores contribuíram para que nos sintamos incomodados e estranhos ao enfrentarmos a morte. Diante destas situações de vida, assim como em outras, a halachá – a lei judaica – é quem pode nos informar sobre o que, como parceiros de Deus, fazer quando estamos confusos ou sem disposição para fazer qualquer coisa. Se uma pessoa se sente desanimada pela idéia de ter que visitar alguém enfermo, um conselho rabínico diz que esta mitzvá foi realizada pelo próprio Deus quando Abraão estava se recuperando de sua brit. Sendo assim, como representantes de Deus, devemos oferecer um cuidado pessoal àqueles que estejam sofrendo e a seus entes queridos. Isto pode ser manifestado através de visitas e ao ajudar a tranqüilizar as preocupações de que os filhos ou os negócios da pessoa estão sem atenção. O cuidado pode se estender para a garantia de que a prece de Mi Sheberach seja dita na sinagoga, para a recuperação desta pessoa e que, em caso extremo, o vidui – prece confessional- seja recitado corretamente. As atenções prestadas a uma pessoa não precisam terminar com a morte, pode-se atuar como shomer para cuidar do finado indefeso, ou como parte da chevrá kadishá, a sociedade santa que prepara o indivíduo através da lavagem ritual e que veste o falecido com uma mortalha branca, que é um símbolo da pureza e da igualdade humana. Quando alguém fica sabendo da morte de uma pessoa querida, muitas vezes o mundo parece não fazer sentido. As práticas judaicas de luto que devem seguir-se quando se perde um parente imediato (pais, irmãos, filho ou cônjuge) nos ajudam a encontrar ordem e sentido nas coisas. A resposta ao ficar sabendo de uma morte e baruch Dayan Emet, uma afirmação de que Deus, e não nós, é o Juiz Supremo dos sucessos e contribuições de uma pessoa. Ato de rasgar a roupa, kriá, concretiza o sentimento de que uma parte de nossa vida foi arrancada com a perda. Após a morte de um parente próximo, a pessoa se abstém de comer carne ou tomar vinho, enquanto é ajudada nos preparativos do funeral. A palavra em hebraico para enterro, levaiá, indica que através deste serviço acompanhamos o falecido entre nós. Isto é feito de modo litúrgico recitando-se salmos, preces de louvação, a prece da memória (El Male Rachamim) e o Kaddish d'Itchadata especial. Acompanhamos fisicamente o falecido com a procissão fúnebre, com os carregadores do caixão que o levam até a sepultura, já que quem realiza o enterro são os entes querido, e não trabalhadores contratados. No momento em que a família se afasta da sepultura, os demais presentes os confortam com a declaração: “Ha makom ienaichem etchem betoch avelei Zion ve Ierushalaim.” “Que Deus lhes brinde com consolo entre todos os enlutados da casa de Israel.” Esta afirmação declara aos parentes que não se encontram isolados em seu pesar, que reconhecemos que sua perda lhes é tão dolorosa quanto foi para nosso povo a perda do Templo de Jerusalém. Os rituais e etapas que seguem o enterro proporcionam orientação conhecida para o caminho que vai do luto ao conforto. O período de shivá inicia com a lavagem das mãos quando se retorna da cerimônia, o acendimento da vela longa de shivá e ao comer a refeição de conforto (seudat habrahá); a menos que haja uma festividade importante, a shivá termina sete dias depois, quando os enlutados saem da casa por uma porta e volta por outra. Quando os enlutados se sentam em cadeiras mais baixas, evitam a vaidade pessoal e tentam recobrar seu equilíbrio ao ficarem em casa durante a shivá, a comunidade atua como agentes de Deus ao visitar, efetuar os serviços religiosos diários ao recitar o Kadish e fornecer alimentos. A atenção contínua aos enlutados pode ajudá-los quando procedem à shivá até o Shloshim, o período de trinta dias que se seguem, durante os quais eles se abstêm de qualquer entretenimento e compra de roupas novas, e recitam o Kadish por seu morto; estas práticas continuam durante os onze meses seguintes à morte de um pai. Os encontros contínuos com as lembranças de nossos finados são ritualizados anualmente, quando acendemos velas especiais e recitamos o Kadish no aniversário de sua morte (Yortzeit) e nos serviços memoriais (Yizcor) em Iom Kipur, e no último dia dos festivais de peregrinação. Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar

Cremos firmemente que não estamos condenados a sofrer pelo esquecimento através da morte. Este artigo de fé tem
sido representado classicamente, seja como a continuação da existência espiritual que leva de um purgatório temporal
ao paraíso, através dos níveis ascendentes, ou como uma ressurreição no final dos tempos (techiat hametim) , que
validará todos nós, física e espiritualmente. A idéia de que algo de nós se encarna nas gerações futuras torna-se mais
plausível ao observar-se a genética moderna e é celebrada ao dar-se o nome aos recém-nascidos em honra de parentes já
falecidos. Se temos atuado como sócios de Deus durante nossas vidas, continuamos tendo um impacto após nossa
morte. As sepulturas descerradas e visitadas durante a cerimônia são a personificação física de uma realidade maior: o
exemplo de nossos atos determina como ou se perduraremos na vida dos outros e na mente de Deus.
CAPÍTULO VI
Pelo ponto de vista judaico, o amor de Deus é inseparável do amor que devemos manifestar pelas criaturas de Deus. A reclusão dos ermitões nunca foi o caminho judaico para a santidade. Como agentes de Deus sobre a Terra, nos é proibido ficarmos parados sem fazer nada enquanto nossos irmãos sofrem uma perda, enquanto nossas irmãs se encontram em perigo. A unidade orgânica dos Dez Mandamentos nos indica que nossas obrigações para com Deus são cumpridas não somente através do respeito ao ritual, mas também pelo desempenho de nossas obrigações morais com os demais seres humanos. Tal como proclamou o profeta Isaías, estamos determinados a nos confrontar com estas obrigações, que revelam a Presença Divina e permitem declarar: “Hineni: Eis-me aqui”.8 i. Interesse na sociedade Ser sócio de Deus no trabalho da criação implica em carregar uma responsabilidade moral suprema: “para consertar e aperfeiçoar este mundo como o domínio de Deus”.9 Esta missão de Tikun Olam requer nossa preocupação pelo mundo no qual vivemos, como por aqueles com que o compartilhamos. As primeiras histórias das escrituras assinalam que Deus nos colocou neste mundo para sermos os “encarregados do jardim”. O preceito de bal taschit - não desperdiçar – nos proíbe destruir desnecessariamente qualquer elemento da natureza. Por conseguinte, a inquietude pela pureza e segurança de nosso meio-ambiente é um dos principais componentes da sociedade divina/humana. Um dos mandamentos da Tora mais repetido é o preceito que proíbe maltratar os desconhecidos, “porque fostes estrangeiros na terra do Egito” 10 Esta mitzvá carrega consigo uma repreensão e uma ordem. Ela nos previne contra a insensibilidade que pode acompanhar o poder, contra o desejo de fazer ao próximo o que se sofreu. Também exige que ajudemos os despossuídos, alimentemos os famintos, abriguemos os desamparados, busquemos a liberdade e a justiça social para todos os homens e mulheres. Para evitar qualquer mentalidade de gueto, o judaísmo conservador considera positivo que se participe de alguma associação beneficente, cívica ou política com pessoas de religiões e antecedentes culturais diferentes. Nosso sentido da história nos faz recordar que no final das contas o judaísmo sempre se enriqueceu através de nosso contato com outras culturas, e que os judeus têm vivido mais seguros nas sociedades cuja ordem é baseada na justiça e no bem-estar de todos. Devido o fato de que os agrupamentos humanos são temporários e já que as ideologias e os programas políticos são relativos, ninguém pode personificar completamente a demanda absoluta de Deus por justiça, verdade, paz e compaixão. Portanto podem existir diferenças legítimas com relação à maneira em que estes valores devem ser convertidos em atos para responder a problemas sociais ou crises mundiais. A perspectiva da lei e conselhos judaicos podem nos guiar para encontrarmos qual linha de ação devemos apoiar. Quando nos unimos no esforço de melhorar a sorte de todas as pessoas, nossa interação com outras religiões e grupos étnicos deve personificar o espírito da boa-vontade. Sem dúvida esses contatos não deverão nos obrigar a desculpar expressões de anti-semitismo ou tentar apaziguar os outros sacrificando interesses judaicos, quando esses interesses são justos. Mas devemos lembrar que Deus ordena que devemos trabalhar cooperando com os outros para realizar seus planos de um mundo e uma sociedade mais perfeitos. ii. Israel O nascimento do Estado de Israel em 1948, mais que um fenômeno político ou militar, foi um milagre. Depois de séculos durante os quais o povo judeu não teve um lar, depois da aniquilação de um terço de nosso povo, o triunfo do espírito que levou homens e mulheres a estabelecer o estado judeu moderno é um reflexo do divino nos assuntos humanos. Desde o momento em que Deus celebrou o pacto com Abraham, tem havido um laço indestrutível entre o povo judeu e a terra de Israel. Ainda que o judaísmo tenha transcendido as fronteiras nacionais e ainda que o judaísmo tenha podido, e pode, sobreviver criativamente na diáspora, Eretz Israel, a Terra de Israel, continua sendo o objeto de nossos laços e esperanças fervorosos. Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar
Ainda que não tenhamos que estar de acordo com cada decisão tomada por cada governo israeli, nosso apoio a Israel e sua gente é incondicional. Israel é um refúgio para os judeus que se encontram em perigo em qualquer lugar do mundo, o único lugar de soberania judaica onde se pode levar uma vida completamente judaica. O movimento conservador manifesta seu apoio a Israel através de sua participação em atividades sionistas mundiais, em suas escolas, com suas viagens de férias e programas de estudo, em seus kibutzim. Nossos esforços para conseguir que sejam aí reconhecidas as correntes pluralistas do judaísmo surgem porque acreditamos que uma identidade nacional israeli secular não pode substituir a expressão religiosa judaica, que os israelis devem ter alternativas judaicas à ortodoxia do estado, que o papel da religião deve ser persuasivo e não coercitivo. Como indivíduos somos obrigados a apoiar Israel por meio de ações políticas e ajuda econômica. Visitar Israel para estudar, celebrar as festas, ou só para conhecê-lo, é uma mitzvá e uma obrigação religiosa. Ademais, deve-se ao menos considerar a possibilidade de aliá, de residir em um país no qual os judeus têm a autoderminação para enfrentar os desafios e as oportunidades que acompanham a criação de uma sociedade baseada em valores judaicos. iii. O povo judeu Uma homilia rabínica – um midrash – conta que, quando Deus abriu o Mar Vermelho, deixou aberto mais de um caminho. Segundo este comentário, o mar se dividiu em doze caminhos diferentes, um para cada uma das tribos de Israel. 11 As muralhas de água que dividiam estas passagens eram transparentes, para que qualquer tribo pudesse observar o progresso e o bem-estar de seu vizinho da direita e da esquerda. As imagens apresentadas neste midrash refletem corretamente a preocupação que o judaísmo conservador tem por Klal Israel, a coletividade do povo judeu. Como nossos antepassados, que cruzaram o Mar Vermelho em sua viagem do Egito ao Sinai, também nós compartilhamos uma herança comum e um destino comum com nossos irmãos e irmãs judeus em todo o mundo. Consideramos que nosso caminho judaico é autêntico e correto, uma vez que respeitamos e buscamos o bem-estar dos que seguem por outros caminhos. Ainda que possa ser que outros dividam, o judaísmo conservador tem buscado, através da história, a união do povo judeu. Ao nível de organização, estamos dispostos a trabalhar com todos os grupos em benefício do judaísmo mundial e a tratar nossas diferenças com respeito e consideração. Como indivíduos, devemos nos comprometer a trabalhar em benefício da sinagoga, das causas benemerentes de nossa localidade e das comunidades judaicas em perigo em todo o mundo. “Kol Israel arevim zé baze: todo Israel é responsável pelos demais”.12 Se realmente cremos que fomos chamados a sermos os sócios de Deus e para sermos partícipes do brit que se iniciou com Abraham, então temos que nos apoiar entre nós para podermos cumprir com nosso chamado. A PROMESSA Não te compete terminar o trabalho, mas não tens a liberdade de abster-te de realizá-lo (Pirkei Avot II, 21) As seções anteriores trouxeram um pequeno esboço das crenças e padrões de vida do judaísmo conservador. Falta somente um elemento para completar o quadro: Você. Como um judeu conservador faz sociedade com Deus? Ao estar disposto a refletir todos os aspectos de sua vida através do prisma moral e espiritual de seu judaísmo; com o compromisso contínuo de aprender o que sintetiza o conhecimento judaico e geral para o bem da transformação pessoal, do grupo e do mundo; com o esforço constante que rechaça a complacência; ao estar disposto a explorar os textos que ainda restam por aprender, ao cumprir as mitzvot que ainda restam por cumprir. Todas as viagens começam com alguns poucos passos. Se você não tem o calendário judaico deste ano, consiga um para poder antecipar e preparar-se para as festas de que temos falado. Se tem perguntas persistentes sobre prática diária, transições da vida, grupos de estudo ou trabalho na comunidade, converse com seu rabino. Como diziam nossos sábios, a pessoa tímida não aprende. Por último, pedimos que preencha a ficha com a promessa – comprometa-se a levar a cabo uma mitzvá que ainda não segue. Assine seu papel como herdeiro de Abraham e Sarah, que caminharam continuamente na presença de Deus, para que seja digno do título “Sócio de Deus: Shutafo”. POR FAVOR, SIGA ATÉ O PRÓXIMA PÁGINA PARA VER O FORMULÁRIO DO COMPROMISSO. Esta publicação foi produzida por Masorti Amlat www.masorti-olami.org.ar


Formulário de Compromisso

Para iniciar minha busca contínua para viver como sócio de Deus, prometo cumprir com o compromisso que ora assino.
A causa é sagrada e as mitzvot são meritórias
Nome
Endereço
Telefone
ACENDER AS VELAS DE SHABAT
RECITAR O KIDUSH
ASSISTIR REGULARMENTE OS SERVIÇOS RELIGIOSOS
AJUDAR UMA CAMPANHA PELOS FAMINTOS E SEM-TETO
ENVOLVER-ME NOS ASSUNTOS DA SINAGOGA E DA COMUNIDADE
PARTICIPAR DA EDUCAÇÃO DE ADULTOS
FORMALIZAR MEU COMPROMISSO COM ISRAEL
MANTER KASHER EM MINHA CASA
LER UM LIVRO OU REVISTA JUDAICOS AO MÊS
CONSTRUIR UMA SUCÁ
Destaque esta folha, envie-a ao seu rabino ou guarde-la para lembrar-se de seu compromisso.
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Source: http://www.shalom.org.br/quemsomos/masorti/shutafo-port.pdf

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Leitlinien der Deutschen Gesellschaft für Hals-Nasen-Ohren-Heilkunde, Kopf- und Halschirurgie Otorhinolaryngol Nova 2002–03;12:161–174Erhalten: 13. Juni 2003Angenommen: 27. Juni 2003 Antibiotikatherapie der Infektionen an Kopf und Hals (Konsensusbericht)1, 2 Im Auftrag des Präsidiums herausgegeben von P. Federspil, Homburg/Saar Mitglieder der Konsensuskonferenz:3 P. Federspil, Hom

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Here is the general procedure to follow when using the Hand-Grip Heart Rate Monitor: Hand-Grip Heart Rate 1. Connect the Hand-Grip Heart Rate Monitor receiver to the interface. 2. Start the data-collection software. 3. The software will identify the Hand-Grip Heart Rate Monitor and load a default data-collection setup. You are now ready to collect data. (Order Code HGH-BTA) Data-Colle

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